O Post recente sobre o efeito suspensivo, um sintoma claro da politicagem e desorganização do nosso futebol na esfera administrativa, nos dá várias pistas sobre uma questão incômoda: O porque do nosso futebol não ter, no continente sulamericano pelo menos, uma hegemonia compatível com sua supremacia econômica.
Temos conseguido repatriar nomes consagrados e de talento incontestável, além de ultimamente conseguir manter por mais tempo os jovens talentos, graças a uma combinação de habilidade empresarial, a uma mídia esportiva de alto nível e muito bem articulada ao setor de marketing e, sobretudo, a contratos de patrocínio e publicidade cujo valor tem crescido exponencialmente, na esteira da estabilização e do fortalecimento da economia nacional.
Vejamos apenas um exemplo, envolvendo nosso maior rival no futebol, e que já deixou de sê-lo no campo da economia há um tempo. O River Plate argentino, conhecido como Milionários pelos portenhos, recebe da Petrobras e da Tramontina (brasileiras, por sinal) US$ 3 milhões por ano de verba de patrocínio por todo o uniforme. No Brasil, o Flamengo recebe US$ 8 milhões por ano apenas pelas mangas da camisa. Com base nesse único dado podemos ter noção do abismo econômico entre o futebol dos dois países. Mais: Sabendo que a Argentina continua sendo o segundo mercado consumidor do continente e que, certamente, continua cultivando pela pelota um paixão ardente como uma letra de tango, e apaixonados, como sabemos, não costumam ser sovinas em seus gastos, podemos deduzir que para os demais países do continente a diferença entre as cifras passa a ser descomunal.
Se o futebol fosse lógica, seria de se esperar a hegemonia total do futebol brasileiro no continente. Alguns podem alegar que, ao contrário de um dado, ou bozó, que é um cubo cheio de ângulos retos faceis de prever pela estatística, a bola é uma esfera desprovida de ângulos e que às vezes parece ter vontade própria, sendo portanto inútil buscar a lógica perfeita, exata, nos assuntos ligados a bola dentro de seus domínios, os gramados. Concordo. Não seria razoável supor que os brasileiros ganhassem tudo que competissem.
Mas, o extremo absoluto, para além do que a margem de incerteza faria supor e, por isso se torna difícil engolir, é ver os clubes brasileiros, (com a devida ressalva e agradecimentos ao Santos F.C., campeão da América e representante do futebol brasileiro de berço, de fina estirpe), caírem um a um nas fases intermediárias da Copa Libertadores da América perante adversários cuja folha de pagamento inteira mal daria para pagar o salário de dois ou três dos nossos jogadores. Com a palavra, os Cartolas.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário